domingo, 15 de julho de 2007

O jacaré

... Era uma família simples do interior. Eles moravam na fazenda, e como as tardes eram sempre quentes, acostumaram-se a tomar banho no lago, que ficava atrás da casa. A mãe poderia sentar-se na varanda e ficar, horas a fio, vendo seu filho brincar na água, já amarelada pelos raios do sol poente.
O sossego rompeu-se bruscamente, quando, sobressaltada, a mãe gritava correndo para o lago. O menino acostumado com a segurança do seu quintal nem deu por conta do jacaré que ia em sua direção. Assustado com os gritos, ele virou-se e nadou o mais rápido possível, com todas as suas forças, ao encontro da mãe. Mas, enquanto a mãe o tomou pelos braços, o jacaré o agarrou pelos pés, e os dois travaram uma verdadeira batalha pela criança.
O jacaré era muito mais forte que ela, mas aquela mãe amava demais o garoto e o segurou o quanto pôde. O pai, que ouvira os gritos, veio correndo, pegou uma arma e disparou contra o bicho.
Foi inacreditável o menino ter sobrevivido! Os pés completamente machucados e marcados pelos dentes do animal; os braços sulcados e rasgados pelas unhas da sua mãe. Depois de vários dias em tratamento sua vida deixou de correr risco. A família e os amigos vieram visitá-lo e o quarto do hospital ficou cheio de gente e de alegria.
Depois de algum tempo, perguntaram-lhe se podiam ver os pés dele. Ele os descobriu e mostrou-os; estavam cheios de terríveis cicatrizes. Então, ele sentou-se melhor sobre a cama e com a voz embargada pela emoção, falou:
- Também tenho cicatrizes nos braços! E são grandes. Mas dessas eu gosto... Vejam. – disse-lhes, mostrando as marcas das unhas deixadas por sua mãe. – eu só tenho essas aqui porque minha mãe lutou por mim. A mamãe não me deixou...


Talvez sua vida esteja cheia de cicatrizes; pode ser que você não tenha sido surpreendido por um jacaré, mas já o foi por muita coisa... e traz marcas de solidão, de abandono, de depressão, de tristezas, de desespero, de desilusão, de terror, de medo, de insegurança, de maus tratos, de falta de amor, de momentos terríveis e dramáticos de sua história. Mas, se você pode contar as marcas, é porque sobreviveu a elas. Muitas dessas feridas só existem porque Deus lutou por você, agarrou-o pelos braços e não deixou que o levassem, não deixou que o inferno te prendesse, não deixou que o pecado e todas as coisas sujas do demônio derrubassem você. A tribulação foi violenta e você quase desfaleceu... ou até mesmo desfalecido não percebeu como a história continuou: quem te segurou foi Deus com seu amor de Pai! Deus tem lutado por você! Deus ama você!

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